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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Com a isca da mentira

Hamlet, de Shakespeare, fala muito mais de nós. Do que conseguimos admitir no espelho.

De repente me vi anos depois, à procura da "isca da mentira", direcionada SOMENTE a mim. 

E como uma "carpa da verdade", a confissão engasgada nas entrelinhas estava muito clara:

-Só menti pra você."

Peneirando verdades num garimpo de engodo sujo e perverso.

terça-feira, 30 de março de 2021

Recortes de um Lockdown

Domingo sem vida

Sala Vazia

O clima é de medo

O corpo fechado, o olhar distante

O descanso da tarde, sufoca

e a pele arde.

Respira, Não pira

Ninguém hoje vai nos encontrar

O céu derrama seu pranto

dentro de casa nos guardamos

evitamos a saudade do que não começou

e cultivamos a certeza de que não acabou.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Os amantes compartilhavam cada instante da vida com tamanha  intensidade que ao dormirem abraçados, combinavam de se encontrar no mesmo sonho.

Daniela Machado

terça-feira, 16 de julho de 2019

MIA (astronauta)


E ----------la                         agora                           mora só no                              pen-------samento  

Ou           então               no           fir- mamento.         Em     tudo     que     no       céu

viaja

Pode      ser     um    as -----tronauta  Ou ainda um Pas-sari------nho  Ou virou um  pé de vento      

Pipa    de     papel    de    seda                 Ou       quem        sabe      um          ba-------lãozinho  

Ou  estar     num    as-------teróide 

Pode    ser    a   estre-la         d'alva    que      daqui      se  o----lha

Pode            estar                  moran-------do          em            Marte

Nunca               mais    se      sou-be          dela



Desapareceu...











(samba da pergunta- joão gilberto para Mia)

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Postagem sem título




quando não tem mais jeito
e ainda dói o peito
do que se perdeu

quando o amor se foi
sem dizer adeus

quando ir embora foi a única saída
pra nos libertar sem  medida
o que já nos prendeu

como que não tem mais jeito
como, nunca mais um beijo?

em mim morreu um pedaço que era seu

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A vida é um sopro

Faltam-me palavras que descrevem o desespero que é pensar a efemeridade da vida. O fato da certeza da morte em contraponto com a escuridão de não saber quando será, me deixa numa ansiedade difícil de lidar. Esse ano mal começou e duas pessoas que eu conheço se foram para sempre. Duas mortes prematuras, no auge da vida. Onde o sangue pulsa com vigor e satisfação. É como ir embora no melhor da festa. Naquela parte que o álcool começou a te deixar alegrinho, e estão todos dançando animados na pista. Aí você simplesmente vai embora  pra um lugar nenhum.  Um lugar onde ainda não encontramos razão de ser. Ele pode até mesmo não ser, não existir. A gente não sabe. E como dói não saber. Como dói esse descarte sentimental da vida. O luto nos ajuda, claro. Mesmo pras perdas mais significantes, uma hora ou para de doer ou aprendemos a viver com a dor. Isso a vida nos ensinou. Mas creio que a vida nunca há de nos ensinar o por quê da morte. Quem sabe só morrendo saberemos. Afinal, não é de se assustar que ao menos essa dúvida existencial perca total sentido ao deixarmos de existir.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Now, touch me, baby

Acabei de achar o isqueiro que você deixou aqui.
Estava ao lado do violão, com a palheta q vc tocou Doors a noite toda
Você sempre esquecendo suas coisas comigo.
O elástico que prende meu cabelo , também é seu.
Paro concentrada no intervalo das chamas do isqueiro azul
Uma mistura de desejo, ilusão, meia luz e aquela certeza de que eu não deveria
ainda mais com prazo de validade.
Pularemos o carnaval sem amanhã, nem cinzas da quarta-feira
E eu seria engolida pela despedida
Você iria embora  no auge do calor
E só de pensar já tá doendo
Queria ser como tú, ligado no "fodas"
E me preocupar só em comprar uma passagem pra ir te ver lá, visitar europa, ver os amigos
falar inglês ou voltar a jogar xadrez
mas enquanto isso eu só me comprometo
Mesmo com medo
Sinto muito sem querer , daí sublimo e vou andar de bicicleta
É que eu nem estava preparada,
O plano nem era esse...
E eu ainda tenho uma ferida aberta.
Mas a gente saiu andando...
Quando percebi ja estava ouvindo Doors todo dia pra acordar
seguido do White Album dos Bealtes
é, me pega




quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Um pequeno e anônimo cemitério com uma pilha imensa de pedras.

A coisa mais difícil da vida é se obrigar a esquecer um amor que não te faz bem.
É como se fosse necessário arrancar seu coração, pro sangue continuar pulsando.
É incoerente e cruel escolher entre amar ou viver. Sairá destruído em qualquer uma das opções.
Após o rompimento você começa a reunir os cacos que sobraram, e a reconstrução é longa e dolorosa.Um admirável mundo de novas oportunidades começa surgir na sua porta, mas pra vc tudo não passa de uma miragem no meio do deserto. Pra reconstruir todos os cacos que sobraram, é preciso tirar uma força descomunal. É como largar um vício. É combater um inimigo que no fundo você só queria abraçar e beijar. E esse sentimento ambíguo é desesperador. Sendo necessário desenvolver um lado racional rígido e diário pra enfrentar a abstinência. Tem que cortar o sal e o açúcar das palavras, tem que desviar das lembranças, se virar com a ansiedade, acordar e fingir que não sonhou com nada, tem que enganar a saudade, trocar o caminho, mudar de casa,  tem que evitar várias músicas e qualquer tipo de dança. Tem que fazer o cérebro entender que tudo foi uma ilusão dele mesmo. E montar na memória um pequeno e anônimo cemitério com uma pilha imensa de pedras.

domingo, 4 de junho de 2017

Queria que vc soubesse que
eu lembrei que hoje foi o seu
aniversário. E que eu não liguei
porque eu não poderia te ligar.
Mas eu senti cada segundo desse dia,
como se fosse o meu dia. E doeu muito
não estar ao seu lado.

sábado, 29 de abril de 2017

Carta ao meu ex narcisista

           Dois meses. Muito pouco tempo, desde que você surtou de novo, começou a se bater, e me empurrou em cima dos móveis da sala. Mesmo eu de muletas, machucada do acidente.
           De lá pra cá, tanta coisa aconteceu.
           O Hiato, meu gato, fugiu. Ficou 1 semana fora, depois voltou machucado. Eu mudei de casa. Fiz fisioterapia, até voltar a andar normal. Me desesperei pela falta de grana. Fiquei noites sem conseguir dormir, preocupada. E senti muita saudade. Chorei sozinha. Me culpei.
            Mas o tempo foi passando... consegui equilibrar mais ou menos as minhas contas. Arrumei minha casa nova. Estabeleci rotinas saudáveis, que me ajudaram muito. Comecei a emagrecer e ter esperanças de voltar ao meu peso normal. Eu fui na manifestação pelos direitos trabalhistas. E voltei a andar de bicicleta. Revi meus amigos da bike, voltei a tocar chorinho. Saí à noite com meus amigos, e consegui novos projetos. Estou aos poucos me esquecendo de você. A desintoxicação dessa relação alterou até a minha fisionomia. Eu já me sinto mais bonita. Não vou negar que ainda sinto saudade. Mas é uma saudade vazia. De algo que poderia ter sido, e não foi. A realidade que nós vivemos, dessa eu não sinto falta. Com o tempo vou me esquecer completamente de você. Você vai ser somente uma lembrança de uma fatalidade. E não vai doer mais. E eu, serei uma mulher mais forte do que já sou. E capaz de amar novamente. Coisa que você, nunca foi, nunca pôde. 

voltei

sexta-feira, 15 de março de 2013

Fui...

https://www.youtube.com/watch?v=HN0_mN7fWa8

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

por um triz

O homem sem razão
atravessa a avenida na contra-mão
O carro passa,
O ônibus voa,
a bicicleta toma susto, e xinga àtoa
o homem da sorte grande
leva a vida por um triz

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

De mal com a lua

"Lá vem a lua cheia de soberba
brilhando
sem a menor consideração,
disperdiçando minhas noites
fúteis
sem querer saber que horas são"
 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ao amor, tão somente

Escreverei portanto o amor
no sentido belo e sem dor
aquele que nasce novo
na velha bossa
e desabrocha
como uma flor
Ah! o amor
regarei tuas folhas
todas as manhãs
te alimentarei do mais puro pão
e o frescor do hortelã
encurtarei as distâncias
prolongarei o tempo
farei-te ceder a qualquer momento
para então, ao final
continuar atento,
vigiar teu sono
e te cobrir de lã.

a esquina do carro que bateu

Hoje amanheci em silêncio
sem querer fazer alarde
Alto mesmo foi o alarme
do carro que logo cedo bateu
em frente à minha porta.
Deixou a esquina toda torta
e o poste caído no chão.
Devia estar na contra-mão

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Deve ter a ver com o sentido gozado

Sinto um desejo urgente
intenso
absorvente
em cada palavra escrita,
a vontade inibida
e o sentido gozado das coisas que
desmancham no ar.
Preciso correr senão nunca irei chegar
a vontade não espera
atropela.
nos passos escuros,
na tristeza da manhã
e no frio.
Espio nas frestas, um mundo vazio
uso o silêncio pra comunicar

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Do azul de Sylvia Plath

Preciso me preparar pra enfrentar o início da primavera.
Parar de ficar voando em volta de mim mesma.
Tem vez que a minha ansiedade devora o mundo, só com os olhos. E é tão voraz,
que comer mesmo, que é bom, eu esqueço.
Estou acesa e azul brilhante, vejo no espelho.
Este azul insubstancial da Ariel da Silva Plath, que me consome todo sono da madrugada.
Queria mesmo fazer um samba,
mas não sái nada.
O amor, devo ter deixado em algum canto guardado.
Um dia eu acho.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

só para ouvir o som dos dedos no teclado

Bati depressinha um poema pra um amigo hoje à noite. Rolou inspiração espontânea aliada à necessidade dos dedos que me traíam. Passou um pouco a ansiedade que me rangia os dentes no meio da tarde. E parei de inventar doença por enquanto. Aventei hipóteses (ai meus dedos inábeis...) Psicossomatismos para explicar e lidar com o stress dos outros, que sempre caem sob os meus ombros (Ai!) essa doencinha irritante. Mas por outro lado passo por cima dos conflitos, com olhar de desdém. Mas ainda fico dividida entre a dor, a ressaca, e uma saudadezinha aguda, coisa fina e ao mesmo tempo bruta.


O poema pro meu amigo:

Deixo correr às sombras, os padrões
enquanto me escondo sob os campos ensolarados
dos antigos sertões
queria eu ser Tão
quem dera eu
ser

terça-feira, 10 de julho de 2012

sem métrica

Está uma terça-feira escura e chuvosa. Parei de ouvir os devaneios filosóficos de Sartre porque é forte demais, tem que ser digerido aos poucos. Enquanto isso fico aqui esperando a dor de cotovelo passar.
Releio e penso os velhos textos. Noto nítida evolução da letra- coisa de momento. Tem horas que realmente dá a impressão de fechamento, impermeabilidade, fica drástico. Devo me sentir melhor assim. E valorizar pequenas coisas. Mas fica tudo só na teoria. Preciso mesmo é abandonar a métrica de uma vez por todas. Fico com medo das coisas, assim que acabo de colocá-las no papel. Minhas palavras, não sei pra onde vão. Estrangulo fantasias onipotentes. Pra variar penso em melodias e notas avulsas, aí caio na métrica de novo. Saco!
 Cultivo boatos.
 Não sei o que fazer exatamente, mas sei que não é bem por aí, como faço. A vontade é de voar com as idéias inoperantes só que sempre chega num ponto que me compromete. É palpitação demais. (não palpitações do coração. palpites mesmo. Alheios)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Recado ausente

Faz  sentir um pensamento eloquente
a raiz imaculada
e não mais que de repente
ouço pétalas a dançar
no espaço
da quentura do tambor que arde
da imensidão da efêmera tarde
que para sempre em mim
permanecerá
atravessa o vazio
da imensidão  da escuridão
solidão de rio
que de tão densa cega o olhar
e passo então a enxergar a alma
dentro e fora o que te acalma
sinto no peito a ânsia de amar


domingo, 8 de julho de 2012

Fases da lua

A lua aguça meus sentidos
como os recados desconhecidos
despertam a imaginação

Escondo minha face
temo sair da escuridão

Talvez um dia eu entregue o jogo
ou apenas diga que não

E começo tudo de novo
em outro canto
sem querer olhar pra trás
e sem saber que horas são




Alguma coisa dentro de mim morre um pouco todos os dias.







terça-feira, 3 de julho de 2012

Até os pés saem do chão

Grito sombras em minha alma
quieta solidez que em minha face acalma
um suspiro
um olhar
tranco a porta do vazio
sinto o frio escorrer pela madrugada
a madrugada deveras inacabada
canto o vento e
em um instante
tudo voa em volta de mim
até os pés
saem do chão.

Das eternas mutações

É preciso atravessar a grande água
disseram 3 moedas sortidas à mão
qualquer vacilo meu,
seu sacrifício.
Que deixarei prosseguir
diante do grande vão.
O universo do verso da noite
de autor desconhecido
Guardo em mim os fatos ocorridos
e o medo da desilusão.
Porque conhecido mesmo é
o livro das mutações.
Com todas suas denotações
e dores
de antigas paixões.

sábado, 30 de junho de 2012

Sem lado de fora

Ando triste
fico perdida
em cada esquina
Não há saída
que me tire daqui
Em cada esquina
nos 4 cantos
estou atento e
escuto o vento
Sinto a brisa tocar meu rosto fino
Fina dor da flor que desabrochou
e morreu após a 1ª estação
Vou passando e desapareço na multidão
Vou passando e não existo mais
Só a essência
e alguma coisa além
Os olhos seguem grudados no asfalto
Sem lado de fora,
ando pra dentro,
em direção ao centro.

quando eu realmente vi

Existe um caminho, que me puxa.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Das Coisas Pulsantes

Às vezes as coisas pulsam em compasso descompensado. Corre e abre espaço onde sem tanto tato, o laço desfaz o trato e forma um nó.

domingo, 27 de maio de 2012

Hoje eu pari o mundo

Hoje eu pari o mundo
Com os olhos mirando as calçadas
marejadas de dor e suor
Choveu em maio, mais uma vez
Tristezas de outono no inverno
Solidão.
Os óculos escuros seduziam
a escuridão.
Anoitecia, e por detrás dos óculos
Eu me escondia
De mim mesma,
sem qualquer objeção.

sábado, 26 de maio de 2012

Pro Lucas macaco

Lucas Ruas
como as alvuras
impuras
de uma pedra azul
vive lá no aconchego
e chamego
de Ana Paula de Angra nuclear
de onde dá pra enxergar
o cruzeiro do Sul!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Diário

Hoje eu arrumei um trem e pari o mundo.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Monólogo

Esse blog tá cheio de coisa esquisita e sem sentido.
Mas ninguém se importa, não é mesmo Daniela?
-é mesmo Daniela.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

No trânsito

Parou
Pensou
Avançou

Fechou o cruzamento


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Minha obra fantasma

Minha obra fantasma, aqui coloco a teus pés.
Eu contente, te perdoo.
Procuro verdades no seu olhar.
Ouço prazeres mundanos nas esquinas e vielas da cidade, enquanto chove;
E enquanto o sono não vem.
Procuro nas palavras, o equilíbrio.
Sou eu agora, nua. Em teus braços.
E você não me vê.
Sigo de cabeça baixa e salto alto.
Passo entre as pessoas e os carros.
Estou na contra-mão.
Nunca pensei, embora sempre imaginasse esse fim.
Negarei teu amor,
por mim.

Em cruz

Tem horas que escrevo
apenas para me sentir presente no mundo.
Eu procuro as chaves.
Guardo para sempre o segredo.
A cor,o desejo, a brisa leve e o frio daquela manhã.
Está tudo lá quando cerro os olhos,
ou apago a luz.
Está tudo lá.
Em cruz.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Corredor cinza e frio

Tenho diante de mim uma folha em branco e mil anseios pulsantes.
A poesia espera.
Explode os poros do corpo,
e os pêlos do braço.
A angústica entope.
Dá um nó.
Por fora ninguém percebe, e nem dá a mínima.
Por dentro o coração bate como passos em um corredor vazio, cinza e frio.


Daniela Machado

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sobre a tristeza


A tristeza  é um navio lento e sem rumo no oceano. 

O único jeito é esperar passar pra ver onde a maré irá te deixar.

Sem naufragar.

Deixar-se boiar.  

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A lua de plutão

No chão, cinzas de uma quarta-feira sem cor.
Era pra ser só mais um dia qualquer, desses cobertos de ressaca de uma folia carnavalesca mal resolvida. O carnaval tinha acabado, e agora não havia mais como escapar dos regimes burocráticos que tradicionalmente a família mineira (chuta, chuta, chuta) impõe sem dó nem piedade.
Tinha passado quase toda festa encaixotando umas coisas e jogando outras fora.
Precisava consertar o chuveiro, que resolveu fantasiar de cachoeira, em plena terça-feira. Resolver a pintura, o caminhão, sabe-se lá o que mais.
Mas o mundo estava em standy by desde então. Só depois das 12, e olhe lá.
De tempos em tempos o vento soprava mais forte, e lá estava ela, carregando pra algum
lugar não se sabe onde, o gato, o cachorro, o papagaio. Isso tudo porque quando
ela nasceu passava bem distante uma lua em plutão, e por isso, a sina da mudança parecia
acompanhar-lhe todo o resto da vida.
Sina é sina.
Conseguia perceber na bagunça dos caixotes empilhados, alguma evolução. Olhou no espelho, e não era mais a mesma da última mudança, mas a dor nos olhos permanecia. Herança genética. Oscilava entre o medo e a coragem de fazer diferente. E a lua (lá em Plutão), não deixava
dúvidas. Deveria mesmo seguir, e mudar tudo de novo.

 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Um conto de Angola

O telefone tocou exatamente na hora.
Já tinha se acostumado com essas brincadeirinhas do destino.
Como era engraçadinho,  às vezes.
O coração palpitou, mas ela não hesitou, tinha decidido boiar na maré dali pra frente, e não hesitaria mais nada.
Decidiu-se.
Se não tivesse comprometido tanto seu coração, as coisas tenderiam a ser mais fáceis.
Não entendia mais nada daquela relação. Não sabia nem ao menos o que ela própria sentia. Contradizia.
Desligou, pegou a bolsa e saiu.
Com os mesmos fones e playlist tocando no ouvido. Os passos apressados a fariam esquecer qualquer vacilo.
Naquele dia ela ficou quieta num canto só ouvindo, e prestando atenção na mudança da luz com as velas, e o canto, e a capoeira angola, e aquelas sombras dos golpes refletindo na parede amarelada. O som dos atabaques a tranqüilizavam, mas aí mesmo é que ela não pensava em outra coisa, só nele.
Com tanta coisa acontecendo no mundo, e ela ali, preocupada em saber se deveria mesmo ter feito aquele convite, ou simplesmente deixado passar.
E foi numa dessas escapadas da realidade, que quase levou uma Ponteira do colega que, extremamente gentil e preocupado, perguntou se ela queria companhia pra voltar pra casa.
-Andando?
-Pode ser.
Ela sorriu.
Ele foi empurrando a bicicleta.


Daniela Machado

Um café no Jazz 00:00


Já era tarde quando saiu de casa. Tinha acabado de arrumar o leito, e deixou tudo ali em vão.
Tirou a bicicleta do sossego e no calor daquela noite partiu pedalando pela cidade.
Parou na porta do jazz. A luz quente sob o balcão a atraía. Conversa de botequim, música ao fundo e o tintilhar dos copos na cozinha.

Não beberia nada naquela noite.
 Pediu um café. Era bom estar em Minas Gerais- Pensou.

De vez em quando vigiava a bicicleta, acorrentada na grade, e sentia-se livre. Buscava algo extremamente urgente, só faltava-lhe saber o que.
Pediu mais um café na decisão de que, dali em diante,  não dormiria nunca mais.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

No meio do caminho tinha um baque

Trocaria sistemáticamente os pés pelas mãos até que algum a esfolasse. O caminho era o mesmo, com aquela luz neón e a poeira do asfalto, que ardia-lhe os olhos . Nos muros, pinturas urbanas. Muitas sombras perambulavam por ali.
Era o início da noite, tinha esperança de encontrar alguma resposta perdida nos compassos do choro, logo mais na travessa.
Estava à caminho.
E no meio do caminho tinha um baque.
O som das alfaias ecoavam na avenida afora. Sentiu seu coração bater no mesmo ritmo. Seguiu sem pensar muito, sem entender nada, e deparou-se com o baque na rua.
A energia era contagiante, e era difícil evitar. Era como se saísse de si por eternos instantes, e pudesse flutuar. E já não havia ninguém na rua, só o som tomando conta do seu corpo quente. De repente todo o suor foi transformado em chuva fina, que molhava-lhe a face, tirando-lhe todas as impurezas daquela cidade cinza.

Daniela Machado

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Das paredes inóspitas do escritório vazio.

Ontem me peguei vagando noite adentro no escritório vazio.
Tive uma sensação de morte. Afinal de contas, estava perdendo todo o sabor da vida dentro daquelas paredes inóspitas. Aliás tudo já estava meio inóspito. As paredes, a reforma, as pessoas. Percebi que tirando algumas ocasiões excepcionais, o trabalho extra (besta) é na verdade tempo de vida desperdiçado. Fiquei com medo de me perder dentre as vaidades gratificantes do dinheiro, me deixando levar pelas ilusões de grandeza, e esquecer o que eu realmente admiro fazer, que é curtir um ócio criativo, uma vadiagem responsável e, na miuda da malandragem, desfilar todo o meu samba, que é o que eu tenho e também pouco do que sou.


Daniela Machado

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Atropelei a mobília

Atropelei a mobília outro dia
Ganhei um dedo partido em dois
Mal sabia em quantas partes ainda partiria o meu peito.
Logo depois.

Daniela Machado

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Então é assim.

Essa vida, danada de deixar gente perplexa, muda e te ensina, quando se menos espera.
A menina vai seguindo um caminho, achando que tá tudo sobre controle, que entre um vacilo ou outro, sempre reina a mais pura racionalidade. E de repente! Pá! Caiu no chão. Tropeçaste no próprio ego, que deixou desamarrado, sem querer (querendo). E o seu coração, que antes jurava de “pé junto” não mais a decepcionar, ri sem graça nenhuma, do seu desespero:
-Iludiu-se novamente. Parabéns!
Lá vai ela! - gritam os espertos, cheios de rancor por dentro.
Saiu com uma perna só, sem equilíbrio, as pessoas lançavam olhares discretos. Leve curtição masoquista.
Dia seguinte, tudo normal. Um pouco de ressaca. A demanda era extrema. Resolveu então deitar na praça. Acabou esquecendo por lá metade dos problemas, e talvez todas as soluções. O dia tava quente demais. Mas não doía-lhe a cabeça. Só sussurravam.
-Dessa vez sou eu que estou passando dos limites – falou sem querer alto na rua. Um senhor passou e a olhou esquisito.
Fingiu que nem era com ela. Ia fingir tudo de agora em diante.
Pensou.

Daniela Machado

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Walking in the rain

Reflexões sobre os pés e olhos grudados no chão. Partes diferentes, de um mesmo caminho.










Daniela Machado

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Um segundo

Ironicamente foi num desses dias de chuva intensa e céu nublado, que na escuridão do quarto sem energia, tudo ficou claro. A resposta mal colocada, junto com a mensagem demorada, aquela falta de jeito. Seu discreto desinteresse, o beijo que ficou no ar, que propositalmente ele recusava em dar.
De repente tudo tão óbvio. Grande impacto. Ele deveria saber que essa não era a melhor maneira de me fazer entender, de me fazer calar, de me fazer de repente ter que me afastar. Logo eu, que sempre estive no mesmo lugar, ele que veio me bagunçar.
Depois disso o dia amanheceu triste, de nó na garganta. Com aquela música que parecia nunca mais sair da cabeça.
Senti os olhos marejarem no ônibus.
Era uma sensação de vazio. Não era raiva, rancor, desamor, frustação. Era apenas um nada.
Veio a correria diária, outras pessoas me deixaram mal. E no meio aos turbilhões da vida moderna, o acaso me levou ao encontro dele. E nada mais fazia sentido. Tudo tinha perdido aquela importância.
Trocamos algumas palavras, impressões e ensaios do dia. Coisas que eu poderia falar para qualquer um. E quando ele foi embora, logo depois, tudo pareceu tão comum, e fosco, e desconexo.
Senti que precisava de cuidados, queria que qualquer pessoa cuidasse de mim. Qualquer pessoa, entende? Qualquer uma.
E a sensação estranha da manhã foi se revelando. E aquele sentimento todo não me afetava mais. Ele ainda existia, só não me afetava.
Lembrei de amores passados, sentimentos deteriorados.
Quanto tempo levou pra passar?
Não sei
Sei apenas que para desistir e seguir a diante, leva um segundo.
Daniela Machado

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

20 maneiras incríveis de perder tempo

Ultimamente minhas horas de almoço tem sido super proveitosas. Intervalos do cotidiano, fuga da luta viciosa. Hoje descobri 20 maneiras incríveis de "perder" tempo:
1-acompanhar o caminho das formigas
2-escutar música
3-desenhar uma laranja
4-fazer um piquenique
5-passear horas com amigos
6-caminhar pela cidade
7-observar como a luz muda durante o dia
8-fazer aviões ou barcos de papel
9-folhear livros de imagens
10-tomar sol
11-ouvir uma história
12-procurar desenhos nas nuvens
13-fazer lista de coisas improváveis
14-tomar chuva
15-reler livros
16-dormir de tarde
17-ficar cozinhando durante horas
18-observar o movimento das folhas nas árvores
19-escrever cartas e mandar pelo correio
20-passear por feiras de rua, escolhendo frutas

Vamo?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sobre o medo

Medo que endurece meus ombros, meu pulmão. Umedece e esfria minhas mãos.
Me espanta as palavras.
Pra logo depois, diante do papel, da caneta. Sob o travesseiro.
verbalizar. De pura paralisia.

Com os pés sozinhos

Não se afaste mais de mim
viver distante é triste, é ruim
Você não precisa ter medo
guardo em mim todos os segredos
que transparecem em seu olhar

Hoje eu busco em mim as notas
Esquecidas no violão
Escuto à tarde nossa canção
Penso se foi verdade, ou não

Nem vejo passar o tempo
ou as coisas fora do lugar
procuro o caminho, pra quem sabe...
me reaproximar
e vou embora à pé

Com os pés sozinhos
Na esperança de te encontrar na contra-mão

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Desfecho.

Era necessário apagar o fogo.
Ela tinha que acabar com a dor antes de torná-la física.
Seu coração já sentia uns primeiros apertos quando ouvia a voz dele perto.
E ele vinha perto demais.
Ela sentia demais.
-Por quê não me beija logo?
Não mais se arriscariam.
Ele se retirou logo depois. Ela precisaria de um tempo para digerir toda aquela ternura.
Deitou-se na cama e deixou que sua cabeça fosse pra longe. Luzes e sons daquela noite movimentada. O cheiro dele permanecia no quarto vazio, à meia luz. Tudo permaneceria inerte.
E os dois intactos,
distanciavam-se.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Do you want to know the truth?

domingo, 31 de julho de 2011

Um tambor de crioulla



Tambor de carnaval

espelho do banheiro



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ampulheta



Dani Machado

terça-feira, 19 de julho de 2011

O olho Humano



Daniela Machado

domingo, 3 de julho de 2011

Antigamente no Fadel

Primórdios



Receita de Samba

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Praça da Liberdade



Canção da tarde


Hermeto Pascoal

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Na escuridão



Dani Machado


Suíte Paulistana

Trecho de "Suíte Paulistana"
Hermeto Pascoal




Dani Machado

domingo, 26 de junho de 2011

caixinha de música


Arte e execução




Daniela Machado



Bernardo Caldeira


domingo, 3 de outubro de 2010

Como se soubesse de tudo

Eu não sei o que fazer deste amor
Ele não sabe o que fazer deste amor
Então
Cheios de espanto
Agente se abraça
E se ama a noite toda
Como se soubesse de tudo
sem querer saber de nada

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Hai Kai

Manhã cinzenta
Sax toca
Chingo no ar




Daniela Machado

domingo, 26 de setembro de 2010

Meu mundo de pássaro

Meu Mundo de pássaro

De galho em galho

Folhas des-folham qualquer sentido

Da cama

Do novo quarto

Com as velhas coisas

Aquelas velhas coisas

Que podiam ter ficado lá

Aquele velho sentimento

Que arde

Agora Arde

Não dói mais

E voa

Como um pássaro

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Noite de aniversário_02/03


Da cama,
a janela e a madrugada.
Lá fora,
as núvens passando apressadas.
Correm do vento, ou dos ponteiros do relógio?


Daniela Machado

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Noite de aniversário_01/03


De madrugada, as nuvens passam tão rápido,
que eu até chego a duvidar se é o vento
ou os ponteiros do relógio
Daniela Machado

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Os Sandras

Por que tantos Sandras?
embaixo da janela,
no meio do caminho
Não páram de passar.
Em seu ronco há tanto espinho...
das paisagens,
das vertentes,
do batente e
daquela gente.
Escrevo
e deixo pra lá

Daniela Machado

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Tanto faz

Quando agente tá feliz,
Tanto faz.
Tanto faz se chove,
Tanto faz o que move,
Tanto faz se faz,
ou se deixa pra depois.
A alegria assim se faz
Nas brechas da tristeza,
No esquecimento da saudade
E caminha
Sem saber que também um dia
tanto fez feliz
que da tristeza sentiu falta
e assim novamente triste se fez
só de sacanagem.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Em tudo está

Esse amanhecer, mais noite que a noite.
Este anoitecer, onde o dia cai.
Onde a claridade se esconde.
Esconde meu desejo
Em todas as noites
Em todos os acordes da manhã
Esconde de mim
e vive em mim.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ao acaso na Praça Sete

Hoje à noite encontrei com Zito tocando na praça Sete. Luzes de mercúrio, e cidade quase vazia. O coração voltou no tempo.
No caminho pra casa a música renascia cá dentro. De rebento, soltava aos poucos um assobio.

terça-feira, 11 de maio de 2010

enxaqueca, choque e susto

Tive uns dias meio em choque, enxaqueca e susto. Agora sossego. Acordei num dia de Flores e Frutos. Pasmo e Pasmaceira. Alegria e tristeza. Até que viver assim é bom.

domingo, 9 de maio de 2010

A dor é uma distração constante

Recebi notificação do correio para ir buscar a encomenda. Eram os perdidos seus de janeiro, que veio de avião, e eu ainda paguei a diferença. Selagem errada e notícias antigas. Liguei pro João no aniversário, não mandei presente, nem cartão. Fiquei anti. A sua encomenda sem selagem não dizia nada sobre o João, vai ver qualquer dia eu recebo outra notificação.
Voltei pro convento.
Aliás, na encomenda estava seu cartão. Fiquei puta de raiva sim. Só tem um jeito, da próxima vez mando uma carta muito mais bem escrita pra você ficar arregalado de horror. Eu me derramando por páginas sem fim e você me rabiscando um mísero bilhete atrás de um cartão. Você tem que entender uma coisa, eu estou aqui, com um ritmo na cabeça que fica falando e não me deixa dormir, então o jeito é escrever, estou completamente numa, gosto do som do teclado, o que eu posso fazer? me distrair, com todos os pingos nos ís.

terça-feira, 4 de maio de 2010

06:00

Ontem chorei tanto que dormi rezando. Acordei leve. Pronta e feliz. Obrigada meu Deus. Hoje o mundo me espera lá fora. E os meus sonhos, embrulhados pra presente.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quelqu' um m'a dit

Eu tinha razão. Cheguei em casa, abri o emaill. E lá estava sua carta. É ótimo como carta reata, esquenta, anima. Eu vinha com a garganta apertada do trabalho, cercada de pessoas e triste por deixar assim passar. E tua carta me devolve várias alegrias.
Ando com preguiça de escrever. Queria escrever mais puramente.
Reli hoje textos que escrevi. "Reparo". "Percebo". "Constato". Preciso me distanciar da dor, e me policiar para não mais seguir o que ainda me deixa triste.
Estou num dia errado. Teve um tempo que eu botava Billie Holiday, melancólica, miando, sempre tem alguém distante, ou triste retorno. Hoje ouvi Carla Bruni. Quelqu' um m'a dit. Mas ninguém nada me disse.

domingo, 4 de abril de 2010

Despindo-me de Clarice


Briguei muito, e acho que enquanto brigava, estava junto ao contrário. Já separar-se foi mais sério, pois tirei um pedaço do outro de dentro de mim. Não sei se pra me sentir completa, para querer ser e ter tudo, num mundo de nada. Mas me fiz novamente e fui engolida pela vida!
Não chegaria a ser uma metamorfose, que perâmbura pela rua, apenas já não me sou mais...há tempos! Revivo a cada instante, uma nova Daniela, e assim sou feliz. Pois guardo o cerne do que me faz: o medo, o drama, o excesso de vazio, e sobretudo o avesso.

Daniela Machado

segunda-feira, 29 de março de 2010

Presumível

Hoje estou escrevendo noite adentro, ruídos de segunda-feira santa, em apartamento silencioso. Vim embora de ônibus, mas desci no meio do caminho. E chutei a pedra que tava lá. Junto com as luzes acesas, e a parede pintada de branco. O coração apertou, mas as lágrimas não desceram. Talvez seja a hora de fazer as pazes com Chico. E ficar à toa na vida, vendo a banda passar.

Daniela Machado

terça-feira, 16 de março de 2010

Para cada problema existe um poema

A vida é um paradoxo mesmo. Há umas semanas tava com um problema danado, isso porque tinha tempo demais, ócio demais, pensamentos demais rondando na cabeça. E gente demais incomodada com meu pseudo-sossego. Agora simplesmente não tenho tempo pra nada. Voltou tudo a ser desesperado como sempre foi, uma correria sem fim, um tempo que passa na velocidade da luz (calculada pelo vray partícula do 3d Máx) e mesmo assim uma coisa não mudou: o incômodo alheio.

Mas no meio disso tudo, teve muita coisa boa. Pra fugir um pouco da neurose, fico pesquisando balela na internet (com fone de ouvido porque não adianta só sentar em frente à tela, tem que se proteger). E descobri um blog da minha prima, que é muito legal! O nome dele já sugestiona: Para cada problema existe um poema! Tava lendo e percebi que a melancolia veio da parte da família da mamãe mesmo! E o talento também! Bom, fica a dica para vocês: http://paracadaproblema.wordpress.com/

Resumindo todos esses dias sem post: sinto falta de escrever mais. Todo dia penso inúmeras coisas boas pra postar, mas sempre as deixo pra amanhã. Coisas boas agente vive e extravasa no momento, porque é bom. Não precisa do gozo da escrita. A vida é desse jeito. De repente uma lágrima se transforma e letra. Mas não tão de repente mais. Demora. Mas só pra não me acharem egoísta, vai lá: Ontem enquanto eu trabalhava choveu, e apareceu um arco-íris lindo, colorindo todo centro de BH. Fiquei feliz por não ter que sair desesperada à procura do pote de ouro, e daí só admirei.


Daniela Machado