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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A vida é um sopro

Faltam-me palavras que descrevem o desespero que é pensar a efemeridade da vida. O fato da certeza da morte em contraponto com a escuridão de não saber quando será, me deixa numa ansiedade difícil de lidar. Esse ano mal começou e duas pessoas que eu conheço se foram para sempre. Duas mortes prematuras, no auge da vida. Onde o sangue pulsa com vigor e satisfação. É como ir embora no melhor da festa. Naquela parte que o álcool começou a te deixar alegrinho, e estão todos dançando animados na pista. Aí você simplesmente vai embora  pra um lugar nenhum.  Um lugar onde ainda não encontramos razão de ser. Ele pode até mesmo não ser, não existir. A gente não sabe. E como dói não saber. Como dói esse descarte sentimental da vida. O luto nos ajuda, claro. Mesmo pras perdas mais significantes, uma hora ou para de doer ou aprendemos a viver com a dor. Isso a vida nos ensinou. Mas creio que a vida nunca há de nos ensinar o por quê da morte. Quem sabe só morrendo saberemos. Afinal, não é de se assustar que ao menos essa dúvida existencial perca total sentido ao deixarmos de existir.