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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Lágrimas



A noite já estava escura.
Ele se retirou lentamente, andando ao acaso.
Estava cheio de tédio.
Seu coração ainda fatigado pelo fogo de uma idade inútil estava murcho e ressecado, como se vivesse no esgotamento.
Passou em frente a um bar e ali permaneceu.
Os minutos passavam, mas mais pareciam horas, e os dias não existiam mais.
Pediu uma cachaça.
Cheirou a aguardente como quem cheira uma rosa, e percebeu o que precisava.
Lágrimas.
Mas ele só conseguia gemer.

Daniela Machado

O dia em que pulei do 30º andar


Saiu devagando à noite, andando em pedaços.

Sua cabeça girava, apesar dos curtos passos.

Rondava o inevitável.

Era triste.

As luzes dos postes refletiam sobre sua face úmida.

Se continuasse naquele ritmo ia inundar a cidade.

Inundava tudo.

Menos o coração seco dele.

Estava certa de sua insatisfação, e do seu destino.

Não, não podia ser. Neurose e angústia. Ah! Tudo é angustiante.

Gritou.

Mas ninguém ouviu.

A cidade estava vazia. Carnaval.

A idéia da mudança a animava.

Mas o medo tava lá! Pra deixar seus pés bem presos ao chão.

O que ela não sabia é que tava preso demais. Nem conseguia se mover.

Tão presos que caiu

De cara no bueiro.


Daniela Machado

Aos crocodilos


E de repente fui atirada aos crocodilos,
que começaram a mastigar meu corpo.
Parte por parte até que eu estivesse
completamente
DILACERADA

Resumindo: Fui deixada de lado...