Páginas

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

No meio do caminho tinha um baque

Trocaria sistemáticamente os pés pelas mãos até que algum a esfolasse. O caminho era o mesmo, com aquela luz neón e a poeira do asfalto, que ardia-lhe os olhos . Nos muros, pinturas urbanas. Muitas sombras perambulavam por ali.
Era o início da noite, tinha esperança de encontrar alguma resposta perdida nos compassos do choro, logo mais na travessa.
Estava à caminho.
E no meio do caminho tinha um baque.
O som das alfaias ecoavam na avenida afora. Sentiu seu coração bater no mesmo ritmo. Seguiu sem pensar muito, sem entender nada, e deparou-se com o baque na rua.
A energia era contagiante, e era difícil evitar. Era como se saísse de si por eternos instantes, e pudesse flutuar. E já não havia ninguém na rua, só o som tomando conta do seu corpo quente. De repente todo o suor foi transformado em chuva fina, que molhava-lhe a face, tirando-lhe todas as impurezas daquela cidade cinza.

Daniela Machado